Concorrência não deve intimidar concurseiros

Se existe uma coisa que todo mundo tem curiosidade, e ao mesmo tempo, medo de saber em um concurso público chama-se concorrência. A matemática de “candidatos x vaga” que pode desestimular quem está se preparando para o cargo dos sonhos intimida até quem não vem estudando tanto assim. Porém, segundo os dados da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), não há motivos para pânico: apenas 10% do total de inscritos se preparam realmente para as provas, estudando a programação do concurso.A entidade criada com o objetivo de promover maior moralidade, transparência e ampla acessibilidade nos concursos públicos informa que o número de inscritos em concurso no Brasil já ultrapassa os 5 milhões por ano. Conforme a associação, a grande maioria formada por aventureiros, com quase nenhum compromisso com os estudos.Luzia Almeida, de 31 anos, é secretária e não se constrange em dizer que faz parte desse grupo. Ao longo de 2007, participou de vários certames mesmo sem estudar, pois garante confiar na sorte e na bagagem de conhecimento para ser aprovada um dia para a carreira pública.“Como trabalho os dois expedientes, não tenho muito tempo para entrar em um cursinho e me preparar como gostaria. Mas isso não pode me impedir de tentar. Em cada prova, a gente adquire certa experiência e sei que tenho tanto potencial quanto outras pessoas que estão concorrendo comigo”, justifica a secretária, que participou do último concurso da Cagepa (Companhia de Água e Esgotos da Paraíba) junto com quase 80 mil candidatos. “Ainda consegui uma boa colocação. Sei que é difícil, mas vou continuar tentando neste ano”, revela.Já o bacharel em direito Marcos Roberto Uchôa, de 28 anos, que há dois anos vem se dedicando cerca de seis horas por dia na preparação para concursos, confessa se intimidar com a alta concorrência. “Os certames da área de direito são sempre os mais disputados devido ao grande número de candidatos formados no curso. Enquanto isso, áreas como engenharia, por exemplo, que oferece salários tão atraentes quanto, têm a concorrência bem menor pela pouca oferta de profissionais”, compara.Para o diretor do Prime Concursos e do Jus Decisium Cursos Jurídicos Moacy Oliveira de Santana, o quantitativo da concorrência não deve influenciar tanto os ‘concurseiros’. “Na maioria dos concursos de hoje em dia, para o candidato ser aprovado precisa fechar completamente a prova ou, pelo menos, chegar muito perto disso. Esse é o ponto fundamental”, explica.Frente ao desafio de conquistar o topo em meio a um batalhão de concorrentes, o conselho do diretor é concentrar o foco na preparação, com disciplina e dedicação diárias, priorizando a carreira pública como meta de vida.“O candidato que se aventura em um concurso é diferente daquele que já tem uma rotina de estudo, um turno matriculado em cursinho para revisar e atentar para os principais pontos do programa. A história de se virar com as apostilas das bancas nunca é a mesma coisa de estudar por um material diferenciado”, defende. “Ano passado mesmo, foram 250 mil inscritos para o concurso do TRF – 1ª Região, sendo 55 mil só para o cargo de analista e cinco alunos nossos passaram. Isso prova que o que importa não é quantitativo, e sim preparação”.Mas para quem pensa que apenas se matricular em um cursinho passa qualquer um na frente da concorrência, Moacy Oliveira vai além, afirmando que não basta só frequentar as aulas. “Tem que estudar em casa, levar as dúvidas para a sala, tentar tirar o máximo de proveito com o professor e continuar revisando os assuntos”, orienta. “Alguns esperam pela publicação do edital para começar a estudar somente na hora que sai o valor do salário e acham que entrando no cursinho vai resolver. Outros simplesmente não fazem, porque não estão se preparando. Se não iniciarem o estudo, não vão passar nunca. É se dedicar até passar”, conclui.Então diante dessa realidade, que tal mandar a concorrência para o espaço e dar uma guinada profissional em 2009? Aproveite as dicas dos nossos entrevistados e especialista para programar um ano diferente, com foco, investimentos e horários voltados para construir a carreira que você realmente deseja. Com esforço e dedicação, os tão esperados resultados finalmente virão.