Brasília (AE) - A filha do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Luciana Cardoso, ocupa um cargo de confiança do Senado desde abril de 2003. Ela foi nomeada secretaria parlamentar, com salário de R$ 7,6 mil, pelo senador e atual primeiro-secretário da Casa, Heráclito Fortes (DEM-PI). Luciana foi secretária particular de seu pai nos dois mandatos, de 1995 a 2003. Seu contrato com o Senado só se tornou público agora, já que ela não frequenta o gabinete de Heráclito. Luciana não foi localizada pela reportagem.Em entrevista à ‘Folha de S.Paulo’, Luciana afirmou que prefere trabalhar em casa, cuidando das “coisas pessoais do senador” porque o gabinete de Heráclito “é um trem mínimo e a bagunça, eterna”. Ontem, o senador se recusou a comentar o assunto. A divulgação do fato ocorre no momento em que o primeiro-secretário se diz empenhado em moralizar a distribuição dos cargos de confiança do Senado.
Chama a atenção dois outros casos de comissionados do Senado, igualmente relacionados com autoridades, que não dão expediente na Casa. É o caso da neta mais nova do ex-presidente Juscelino Kubitschek, Alejandra Kubitschek Bujones, e da primeira-dama de Sergipe, Eliane Aquino. Alejandra recebe salário de R$ 4,9 mil e está lotada na terceira secretaria. Ela é cunhada do ex-senador e atual vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio, que ao confirmar sua permanência no cargo, destacou sua “enorme competência”. Seu contrato começou em 2006, quando Octávio era o terceiro-secretário do Senado. Alejandra disse que faz “trabalho de pesquisas”, mas jamais foi vista no Senado.
Já a mulher do governador de Sergipe, Marcelo Déda, do PT, foi contratada em março de 2002 pelo gabinete do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), com salário de R$ 6,4 mil. O parlamentar afirma que ela o assessorava em Aracaju, mas ontem, por meio da sua assessoria, informou que enviou um ofício pedindo ao diretor-geral o desligamento da funcionária. Até esta noite, o boletim do Senado não havia publicado a exoneração da primeira-dama.
O senador afirmou - por intermédio da assessoria - que “lamenta o preconceito contra as esposas dos governadores, que devem ficar congeladas e servirem apenas como organizadoras de chás para primeiras-damas de prefeito e não podem exercer os direitos de cidadania, inclusive os de um trabalho construtivo em qualquer atividade pública ou privada, porque são deterioradas por quem alimenta a inveja, o desrespeito ou o preconceito”.
Além de pagar assistência médica vitalícia para ex-senadores, o Senado estendeu o benefício aos ex-ocupantes do cargo de secretário-geral e ex-diretores-gerais. De acordo com o site Congresso em Foco, a medida consta de ato da Mesa Diretora de 2000, encabeçado pelo então presidente do Senado.
Sete parentes de servidores são demitidos no Senado
Brasília (AE) - Na tentativa de acabar com o nepotismo, a direção do Senado anunciou a demissão de sete funcionários que trabalhavam em empresas terceirizadas e eram parentes de servidores do quadro efetivo da Casa. Existem hoje 12 empresas que prestam serviços para o Senado e empregam 3,4 mil terceirizados. Para substituir parte dos terceirizados, o Senado começou a chamar trinta concursados.
“Até agora encontramos só esses sete terceirizados parentes de funcionários do Senado”, afirmou o primeiro secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI). Nem Mariana Cruz, filha da Diretora de Comissões, Cleide Cruz, nem Alraune Paz, mulher do Diretor do Arquivo, Francisco Maurício Paz, deixaram as empresas que trabalham para o Senado por serem “casos com peculiaridades”.
Mariana Cruz trabalha na Steno do Brasil, empresa que faz a taquigrafia de todas as comissões do Senado, e tem contrato com gastos autorizados de até R$ 2,2 milhões ao ano. A alegação é que a Steno presta serviços para o Senado e não tem nenhum funcionário na Casa - todas as degravações são feitas fora do Senado e enviadas pela internet. Já Alraune, que trabalha na Servegel, empresa prestadora de serviços para o Arquivo do Senado, argumenta que já estava no emprego quando conheceu o marido.
As demissões para acabar com o nepotismo atingiram Janaína Muniz Pedrosa, filha do diretor da Gráfica do Senado, Júlio Pedrosa; Felipe Baere, filho da diretora da Taquigrafia, Denise Baere; André Barego, filho do subsecretário de Gestão de Documentação do Arquivo, Edson Abrego; e Severo Augusto da Paz Neto, filho do diretor da Gráfica, Luiz Augusto da Paz. Também saíram Dimitri Sales de Moreira, Igor Pereira de Souza e Luiz Eduardo Silva da Paz.
Despesas com comissionados podem chegar a R$ 100 mil
Brasília (AE) - Cada um dos 81 senadores pode gastar quase R$ 100 mil mensais para contratar funcionários comissionados no gabinete do Senado em Brasília e em seus escritórios nos Estados. Em média, os senadores têm em seus gabinetes pessoais 20 funcionários que recebem salários entre R$ 1.656,55 brutos, sem auxílio alimentação, e R$ 9.9979,24, maior remuneração paga nos gabinetes a comissionados.
Fonte:Tribuna do Norte
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